segunda-feira, 28 de setembro de 2009

A HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA

A palavra Fotografia vem do grego φως [fós] ("luz"), e γραφις [grafis] ("estilo", "pincel") ou γραφη grafê, e significa "desenhar com luz"..

Por definição, fotografia é, essencialmente, a técnica de criação de imagens por meio de exposição luminosa, fixando esta em uma superfície sensível. A primeira fotografia reconhecida remonta ao ano de 1826 e é atribuída ao francês Joseph Nicéphore Niépce. Contudo, a invenção da fotografia não é obra de um só autor, mas um processo de acúmulo de avanços por parte de muitas pessoas, trabalhando juntas ou em paralelo ao longo de muitos anos.
Se por um lado os princípios fundamentais da fotografia se estabeleceram há décadas e, desde a introdução do filme fotográfico colorido, quase não sofreram mudanças, por outro, os avanços tecnológicos têm sistematicamente possibilitado melhorias na qualidade das imagens produzidas, agilização das etapas do processo de produção e a redução de custos, popularizando o uso da fotografia.

Atualmente, a introdução da tecnologia digital tem modificado drasticamente os paradigmas que norteiam o mundo da fotografia. Os equipamentos, ao mesmo tempo que são oferecidos a preços cada vez menores, disponibilizam ao usuário médio recursos cada vez mais sofisticados, assim como maior qualidade de imagem e facilidade de uso.
A simplificação dos processos de captação, armazenagem, impressão e reprodução de imagens proporcionados intrinsecamente pelo ambiente digital, aliada à facilidade de integração com os recursos da informática, como organização em álbuns, incorporação de imagens em documentos e distribuição via Internet, têm ampliado e democratizado o uso da imagem fotográfica nas mais diversas aplicações. A incorporação da câmera fotográfica aos aparelhos de telefonia móvel têm definitivamente levado a fotografia ao cotidiano particular do indivíduo.

Dessa forma, a fotografia, à medida que se torna uma experiência cada vez mais pessoal, deverá ampliar, através dos diversos perfis de fotógrafos amadores ou profissionais, o já amplo espectro de significado da experiência de se conservar um momento em uma imagem.

História

A fotografia não é a obra final de um único criador. Ao longo da história, diversas pessoas foram agregando conceitos e processos que deram origem à fotografia como a conhecemos. O mais antigo destes conceitos foi o da câmara escura, descrita pelo napolitano Giovanni Baptista Della Porta, já em 1558, e conhecida por Leonardo da Vinci que a usava, como outros artistas no século XVI para esboçar pinturas.

O cientista italiano Angelo Sala, em 1604, percebeu que um composto de prata escurecia ao Sol, supondo que esse efeito fosse produzido pelo calor. Foi então que, Johann Heinrich Schulze fazendo experiências com ácido nítrico, prata e gesso em 1724, determinou que era a prata halógena, convertida em prata metálica, e não o calor, que provocava o escurecimento.

A primeira fotografia reconhecida é uma imagem produzida em 1826 pelo francês Joseph Nicéphore Niépce, numa placa de estanho coberta com um derivado de petróleo fotossensível chamado Betume da Judéia. A imagem foi produzida com uma câmera, sendo exigidas cerca de oito horas de exposição à luz solar. Nièpce chamou o processo de "heliografia", gravura com a luz do Sol. Paralelamente, outro francês, Daguerre, produzia com uma câmera escura efeitos visuais em um espetáculo denominado "Diorama". Daguerre e Niépce trocaram correspondência durante alguns anos, vindo finalmente a firmarem sociedade.

Após a morte de Nièpce, Daguerre desenvolveu um processo com vapor de mercúrio que reduzia o tempo de revelação de horas para minutos. O processo foi denominado daguerreotipia. Daguerre descreveu seu processo à Academia de Ciências e Belas Artes, na França e logo depois requereu a patente do seu invento na Inglaterra. A popularização dos daguerreótipos, deu origem às especulações sobre o "fim da pintura", inspirando o Impressionismo.

O britânico William Fox Talbot, que já efetuava pesquisas com papéis fotossensíveis, ao tomar conhecimento dos avanços de Daguerre, em 1839, decidiu apressar a apresentação de seus trabalhos à Royal Institution e à Royal Society, procurando garantir os direitos sobre suas invenções. Talbot desenvolveu um diferente processo denominado calotipo, usando folhas de papel cobertas com cloreto de prata, que posteriormente eram colocadas em contato com outro papel, produzindo a imagem positiva. Este processo é muito parecido com o processo fotográfico em uso hoje, pois também produz um negativo que pode ser reutilizado para produzir várias imagens positivas.
A época, Hippolyte Bayard também desenvolveu um método de fotografia. Porém, por demorar a anuncia-lo, não pôde mais ser reconhecido como seu inventor.
No Brasil, o francês radicado em Campinas, São Paulo, Hércules Florence conseguiu resultados superiores aos de Daguerre, pois desenvolveu negativos. Contudo, apesar das tentativas de disseminação do seu invento, ao qual denominou "Photographie" - foi o legítimo inventor da palavra - não obteve reconhecimento à época. Sua vida e obra só foram devidamente resgatadas em 1976 por Boris Kossoy.

A fotografia então popularizou-se como produto de consumo a partir de 1888 com a introdução da câmera tipo "caixão" e pelo filme em rolos substituíveis criados por George Eastman.
Desde então, o mercado fotográfico tem experimentado uma crescente evolução tecnológica, como o estabelecimento do filme colorido como padrão e o foco automático, ou exposição automática. Essas inovações indubitavelmente facilitam a captação da imagem, melhoram a qualidade de reprodução ou a rapidez do processamento, mas muito pouco foi alterado nos princípios básicos da fotografia.

A grande mudança recente, produzida a partir do final do século XX, foi a digitalização dos sistemas fotográficos. A fotografia digital mudou paradigmas no mundo da fotografia, minimizando custos, reduzindo etapas, acelerando processos e facilitando a produção, manipulação, armazenamento e transmissão de imagens pelo mundo. O aperfeiçoamento da tecnologia de reprodução de imagens digitais tem quebrado barreiras de restrição em relação a este sistema por setores que ainda prestigiam o tradicional filme, e assim, irreversivelmente ampliando o domínio da fotografia digital.

Desenvolvimento Técnico

Sabemos que a fotografia é uma invenção do Século XIX, mas a tecnologia que originou e permitiu a evolução da câmera fotográfica e do filme foi criada no Século XX.
O filme pancromático (sensível a todas as cores do espectro) foi introduzido em 1906 pelo químico Ernest Konig (1869-1924) autor de vários livros sobre fotografia a cores.
As câmeras fotográficas como instrumento de precisão surgiram em 1924 com o lançamento da primeira Leica (Leitz Camera) pela firma Ernest Leitz de Weztlar, Alemanha.
Tais câmeras, desenhadas onze anos antes por Oskar Barnack (1879- 1936), transformaram-se numa verdadeira extensão do olho humano criando uma revolução na idéia de ver. Possuíam objetivas fixas Elmar de boa luminosidade, obturadores situados entre os elementos da lente e trabalhavam com filmes de 35 mm, antes só usados em cinema, permitindo maior versatilidade à fotografia. O fotojornalismo tornou-se possível graças à difusão das câmeras Leica entre os fotógrafos da década de 30.

Outro instrumento de enorme valor para os fotógrafos de então foi a câmera Ermanox que utilizava placas secas de vidro, rápidas e pancromáticas além das objetivas Ernostar f1.8, as mais luminosas da época. As câmeras Ermanox foram utilizadas por Erich Salomon(1886-1944), Felix H. Man e outros pioneiros da reportagem fotográfica pois permitiu os instantâneos sem o uso de "flash".

Nos anos que antecederam a Segunda Guerra Mundial profissionais e amadores usavam a câmera Rolleiflex lançada no mercado em 1929 pela firma Francke & Heidecke. Esta câmera, precursora das numerosas câmeras duplo-reflex, utilizava filme em rolo e era menos volumosa do que a Ermanox (placas secas) produzindo um negativo de 6 X 6 cms.
Em 1937 é lançada na Alemanha a primeira câmera mono-reflex de 35 mm, Exakta, com pouca aceitação devido a seu sistema de focalização.

Depois da Segunda Guerra Mundial várias câmeras foram lançadas no mercado entre elas a Hasselblad mono-reflex de formato 6 X 6 que adquiriu grande popularidade entre os fotógrafos de publicidade e moda. Em 1947 Edwin H. Land lançou nos Estados Unidos a Polaroid com a qual obtinha-se uma imagem pronta em um minuto, tempo reduzido posteriormente para 10 segundos. No Japão foram lançadas câmeras de visão direta que, aperfeiçoadas em 1957, produziram as mono-reflex de 35 mm como a famosa Nikon. Em 1959 a firma Voigtlander lançou a objetiva Zoom que veio a suprir a necessidade de objetivas com diferentes distâncias focais. Em 1963 a Polaroid lançou nos Estados Unidos a Polaroid SX-70 com a qual conseguimos uma imagem colorida em segundos.

Em 1984 ocorreu a introdução da fotografia digital com a câmera MAVICA (Magnetic Video Camera) produzida pela Sony sendo utilizada pela primeira vez nos Jogos Olímpicos de Los Angeles.
Atualmente as câmeras digitais possuem uma resolução de 60,5 Megapixels e, parece que muito em breve, poderemos dispensar definitivamente o filme fotográfico como suporte para imagens.




Bibliografia

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Focal Press The Focal Encyclopedia of Photography (Two Volumes Set) Focal Press Ltd. London, 1972.
Gernsheim, Helmut & Alison Gernsheim Historia Gráfica de la Fotografia Ediciones Omega. Barcelona, 1967.
Kodak Limited. All About Photography Kodak Limited Public Relations Division. Hemel Hempstead. 1977.
Langford, Michael. The Story of Photography Focal Press London, 1980.
BERNIER, Jules. 200 assuntos fotograficos. 1. ed. São Paulo: Iris, 1970. 168 p.
BUSSELLE, Michael. Tudo sobre fotografia. São Paulo: Círculo do Livro, 1988. 224 p.
GURAN, Milton. Linguagem fotográfica e informação. 3. ed. Rio de Janeiro: Gama Filho, 2002. 119 p.
HEDGECOE, John. Guia completo de fotografia. São Paulo: Martins Fontes, 1996-2001. 224 p.
HUMBERTO, Luis. Fotografia, a poética do banal. Brasília: Universidade de Brasília, 2000. 105 p.
LIMA, Ivan. Fotojornalismo brasileiro: Realidade e linguagem. 1. ed. Rio de Janeiro: Fotografia Brasileira, 1989. 90 p.
MOURA, Edgar. 50 anos luz, câmera e ação. 2. ed. São Paulo: SENAC, 2001. 444 p.
SOUSA, Jorge Pedro. Uma história crítica do fotojornalismo ocidental. Chapecó: Argos, 2004. 255 p.
KOSSOY, Boris. Fotografia e História, São Paulo: Ateliê Editorial, 2003. ISBN 85-7480-060-0
KUBRUSLY, CLáudio A., O que é Fotografia, Coleção Primeiros Passos, São Paulo: Brasiliense, 1982

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Memória, História e Fotografia



“Memória e história sempre estiveram profundamente relacionadas e, pelo grande volume de informações hoje em circulação, cada vez mais a história passa a ser construída a partir dos “lugares” da memória coletiva – lugares topográficos, como arquivos e museus, lugares monumentais, arquitetônico, lugares funcionais, como manuais, autobiografias, lugares simbólicos, comemorações, emblemas, etc. A história seria a forma científica da memória coletiva (LE GOFF, 1992)”.

Materiais da memória coletiva, as fotografias são monumentos, na medida em que, para além da simples descrição, traduzem valores, idéias, tradições e comportamentos que permitem tanto recuperar formas de ser e agir dos diferentes grupos sociais, em diversas épocas históricas, como também, operar sobre as representações que deles, ainda hoje, perduram e atuam como elemento de coesão social para seus descendentes. A fotografia engendra imagens cujo valor histórico vem, aos poucos, sendo revelado pela historiografia atual (CIAVATTA, 2002).
Nos últimos anos, a fotografia vêm sofrendo uma série de transformações, graças a “era digital”. Com isso vêem ocupando espaços cada vês mais importantes nos meios de comunicação de massa “jornais e revistas”, pela internet, nos sites de relacionamentos “blog’s, rede sociais”, e até ocupando espaços que antes eram destinados as grande “obras de arte” como museus e galerias de artes espalhados pelo mundo inteiro.

A fotografia se faz presente na nossa história cultural, pois ela agrega conteúdos múltiplos de informações de uma determinada realidade selecionada. Pois a fotografia mostra apenas um “determinado momento de uma realidade”. Durante a sua criação, a fotografia pode passar por um processo de manipulação, que pode ser de ordem estética, técnica ou até mesmo ideológica.
Onde o fotógrafo poderá escolher, “onde, como, e o por que”, será registrado pelas suas lentes.

“A fotografia contém informações congeladas em um determinado momento, espaço e ponto de vista. Contém uma carga de veracidade aceita antes mesmo de ser tirada. Como não possui montagem a princípio, tem um caráter de exatidão e realidade muito forte. Atribui-se à fotografia a qualidade de registro histórico enquanto expressão da verdade. O registro pode ser de pessoas, com suas maneiras e expressões; construções; ruas; natureza etc.”

A fotografia feita, muitas vezes, surpreende por captar mais do que se pretendia, podendo também decepcionar, na medida em que a própria memória ilude. Estas conseqüências, geradas por processos mecânicos, contrapõe-se ao modo de ver. Suas respectivas limitações, são na realidade, pontos de partida para conscientização da criação artística - sempre subjetiva como a nossa percepção - e que refletem o caráter pessoal de cada artista, não se deixando dominar pela imagem mecanicamente obtida.
A fotografia traz consigo a aura da veracidade e seu surgimento contribuiu diretamente para que todos os segmentos artísticos, literários e intelectuais passassem por uma profunda reflexão, evidenciando um dado importante que até aquele momento permanecera intacto: a concepção que o homem tinha de si próprio.
As fotografias são suportes de memória especialmente significativos já que, por registrarem a imagem de um momento vivido, despertam um grande interesse e motivação quando mostradas. Para o historiador, as fotografias se constituem em uma leitura desse mesmo momento operada pelo olhar do fotógrafo, que seleciona o que deve e o que não deve ser fotografado.

As fotos fazem parte do acervo pessoal de Marino do Espírito Santo Júnior
©All Rights Reserved Marino do Espírito Santo Júnior

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

"GUERRA DOS EMBOABAS", 300 anos depois

A Galeria Alberto da Veiga Guignard, no Palácio das Artes abriga a exposição "Guerra dos Emboabas, 300 anos depois.
A exposição foi realizada pelo historiador e curador Leonardo José Magalhães Gomes, que contou com a colaboração e consultoria da historiadora Adriana Romeiro, professora da UFMG e autora do livro recém lançado - "Paulistas e Emboabas no coração das Minas" lançado pela editora da UFMG.


"A Guerra dos Emboabas, encerrada há exatos 300 anos na região das Minas Gerais, teve como maior beneficiada a Coroa Portuguesa. Pesquisas minuciosas realizadas durante a pré-produção da exposição, realizadas pelo curador, o historiador Leonardo José Magalhães Gomes, mostram que, ao contrário de correntes tradicionais da História do Brasil, nenhum dos dois lados envolvidos diretamente no conflito, bandeirantes paulistas e emboabas (como eram chamados, pelos paulistas, os brasileiros de outras regiões e portugueses atraídos pelo ouro, do tupi emboaba, que fere ou ofende, sendo usado por extensão aos membros do grupo de invasores), saiu completamente vencedor, embora esses últimos tenham sido declarados como tal. Para lembrar o tricentenário do fim do conflito, as capitais dos dois Estados serão sede de uma programação, até o final do ano, que tem o objetivo de atualizar as informações e renovar o interesse dos pesquisadores e do público sobre esse episódio importante da história do País. Uma das conseqüências do conflito, que podem ser sentidas até hoje, foi a separação do território onde atualmente estão localizados os Estados de São Paulo e Minas Gerais: no dia 9 de novembro de 1709, uma carta régia criou a Capitania de São Paulo e Minas do Ouro, separando as duas regiões da capitania do Rio de Janeiro, cidade à qual eram subordinadas administrativamente."


A exposição - "GUERRA DOS EMBOABAS, 300 anos depois" - vai até o dia 20 de setembro, a entrada e franca,
Informações: 3236-7400
Endereço - Avenida Afonso Pena, 1537 - Centro BH






Fotos e nota: Marino do Espírito Santo Júnior - ASSCOM/CONSEP/AISP-23