quinta-feira, 15 de outubro de 2009
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Fotos: Marino do E.Santo Júnior - ASSCOM/CONSEP/AISP-23
©All Rights Reserved Marino do Espírito Santo Júnior
domingo, 4 de outubro de 2009
HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA NO BRASIL
Fotografia no Brasil
Definição
Desde seu nascimento, no século XIX, a fotografia - e os debates que a acompanham - revela uma tensão entre fotodocumentação e foto artística, e, mais claramente, a partir dos anos 1950, entre fotografia figurativa e abstrata. A história da fotografia no Brasil remonta à chegada do daguerreótipo ao Rio de Janeiro, em 1839, e ao francês Hercule Florence (1804 - 1879). Entre 1840 e 1860, o recurso fotográfico difunde-se pelo país.
Os nomes de Victor Frond (1821 - 1881), Marc Ferrez (1843 - 1923), Augusto Malta (1864 - 1957), Militão Augusto de Azevedo (1837 - 1905) e José Christiano Júnior (18-- - 1902) se destacam como pioneiros da fotografia entre nós.O valor expressivo e também documental de suas obras, dedicadas ao registro de aspectos variados da sociedade brasileira da época - por exemplo, os escravos de Christiano Júnior, ou a paisagem urbana captada por Militão no Álbum Comparativo da Cidade de São Paulo, 1862-1887 -, vêm atraindo a atenção de pesquisadores das mais diversas áreas do conhecimento.
À fotografia como documento, opõe-se a idéia de fotografia como ramo das belas-artes, uma idéia já em discussão em fins do século XIX. As intervenções no registro fotográfico por meio de técnicas pictóricas foram amplamente realizadas numa tentativa de adaptar o meio às concepções clássicas de arte, no que ficou conhecido como fotopictorialismo. Os anos 1940 são considerados um momento de virada no que diz respeito à construção de uma estética moderna na fotografia brasileira.
Trata-se de pensar novas formas de aproximação entre fotografia e artes, longe da trilha aberta pelo pictorialismo. Em São Paulo, no interior do Foto Cine Club Bandeirantes, observa-se a experimentação de uma nova linguagem fotográfica, em trabalhos como os de Thomaz Farkas (1924) e Geraldo de Barros (1923 - 1998). Os trabalhos de Farkas desse período permitem flagrar a preocupação com pesquisas formais, exploração de planos e texturas, além da escolha de ângulos inusitados, como em Escada ao Sol (1946). Geraldo de Barros, por sua vez, notabiliza-se pelas cenas montadas, pelos recortes e desenhos que realiza sobre os negativos.
Afinado com o movimento concreto dos anos 1950 e com o Grupo Ruptura, inaugura uma vertente abstrata na fotografia brasileira, como indica sua mostra Fotoformas, no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - Masp, em 1950. As sugestões de seu trabalho serão retomadas por novas gerações de fotógrafos no interior da chamada Escola Paulista de fotografia, como nos trabalhos de Anna Mariani (1935) e João Bizarro Nave Filho. O que não quer dizer que o filão figurativo tenha sido abandonado, como atestam as produções de Claudio Puggliese e Eduardo Ayrosa. No Rio de Janeiro, o nome de José Oiticica Filho (1906 - 1964) aparece como outra alternativa à característica documental do meio.
O Túnel (1951) representa um exemplo das montagens e da valorização do trabalho em laboratório que tanto atraíram o fotógrafo.
Ainda nas décadas de 1940 e 1950, em que se observa a aproximação da fotografia com as artes plásticas, sob a égide do concretismo e do neoconcretismo, nota-se a franca expansão do fotojornalismo no país, nas revistas O Cruzeiro e Manchete. Jean Manzon (1915 - 1990), José Medeiros (1921 - 1990), Luís C. Barreto, Flávio Damm (1928) e outros, fizeram da fotografia elemento ativo da reportagem. Além dos profissionais contratados, os órgãos de imprensa se valiam de colaboradores, como Pierre Verger (1902 - 1996) e Marcel Gautherot (1910 - 1996), assíduos em suas páginas. Quanto aos jornais, o Última Hora parece ter sido o primeiro a dar destaque à fotografia, recrutando profissionais como Orlando Brito (1950), Walter Firmo (1937) e Pedro Martinelli (1950).
Ainda nas décadas de 1940 e 1950, em que se observa a aproximação da fotografia com as artes plásticas, sob a égide do concretismo e do neoconcretismo, nota-se a franca expansão do fotojornalismo no país, nas revistas O Cruzeiro e Manchete. Jean Manzon (1915 - 1990), José Medeiros (1921 - 1990), Luís C. Barreto, Flávio Damm (1928) e outros, fizeram da fotografia elemento ativo da reportagem. Além dos profissionais contratados, os órgãos de imprensa se valiam de colaboradores, como Pierre Verger (1902 - 1996) e Marcel Gautherot (1910 - 1996), assíduos em suas páginas. Quanto aos jornais, o Última Hora parece ter sido o primeiro a dar destaque à fotografia, recrutando profissionais como Orlando Brito (1950), Walter Firmo (1937) e Pedro Martinelli (1950).
Os anos 1950 marcam ainda o anúncio de um mercado editorial ligado à fotografia, seguido pela criação de revistas especializadas; entre as mais importantes estão a Iris, fundada em 1947, e a Novidades Fotoptica, depois Fotoptica, criada em 1973 por Thomas Farkas. Ao lado da expansão de um mercado para o profissional da fotografia, nos anos 1950 e 1960, observa-se a entrada cada vez mais evidente dos trabalhos fotográficos nos museus e galerias de arte. As décadas de 1960 e 1970, por sua vez, conhecem uma produção crescente que continua a oscilar entre trabalhos de cunho mais documental e outros de caráter experimental.
A trilha etnográfica acentuada por Gautherot, Verger e H. Shultz é seguida por Maureen Bisilliat (1931) e Claudia Andujar (1931), em 1960 e 1970, e posteriormente por Milton Guran (1948), Marcos Santilli (1951), Rosa Gauditano (1955). O nome de Sebastião Salgado (1944) deve ser acrescentado à lista. Repórter fotográfico desde a década de 1970, Salgado realiza ensaios temáticos dedicados às questões sociais e políticas candentes, como os da década de 1990: Trabalhadores, Serra Pelada, Terra e Êxodos.
A realidade social, as cenas urbanas e os pobres conhecem novo tratamento nos trabalhos de Miguel Rio Branco (1946), desde os anos 1980, quando fotografa o cotidiano de Salvador. A explosão de cores, a granulação da imagem e os ângulos inéditos recolocam o problema da relação entre a fotografia e a pintura As contribuições recentes de Rochelle Costi (1961), Vik Muniz (1961), Arthur Omar (1948), Rosângela Rennó (1962) e Cassio Vasconcellos (1965) e muitos outros apontam para as possibilidades abertas no campo das experimentações fotográficas.
Fotos: as fotos fazem parte do acervo pessoal de Marino do Espírito Santo Júnior
RENNÓ, Rosângela. Rosângela Rennó. Apresentação Felipe Chaimovich; texto Paulo Herkenhoff. São Paulo: Edusp, 1998. (Artistas da Usp, 9).
RIO BRANCO, Miguel. Silent Book. São Paulo: Cosac & Naify, 1997.
ZANINI, Walter (org.). História geral da arte no Brasil - II. São Paulo: Instituto Walther Moreira Salles : Fundação Djalma Guimarães, 1983.
©All Rights Reserved Marino do Espírito Santo Júnior
Fotografia no Brasil
Fontes de Pesquisa:
COELHO, Maria Beatriz Ramos de Vasconcelos. A Construção da imagem da nação Brasileira pela fotodocumentação: 1940-1999. São Paulo, 2000. Tese (Doutorado) - Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas.
COSTA, Helouise, RODRIGUES, Renato. A fotografia moderna no Brasil. Rio de Janeiro: UFRJ, 1995.
OMAR, Arthur, VENDRAMINI, Cláudia (coord.). Antropologia da face gloriosa. Tradução John Norman. São Paulo: Cosac & Naify, 1997.
OMAR, Arthur, VENDRAMINI, Cláudia (coord.). Antropologia da face gloriosa. Tradução John Norman. São Paulo: Cosac & Naify, 1997.
RENNÓ, Rosângela. Rosângela Rennó. Apresentação Felipe Chaimovich; texto Paulo Herkenhoff. São Paulo: Edusp, 1998. (Artistas da Usp, 9).
RIO BRANCO, Miguel. Silent Book. São Paulo: Cosac & Naify, 1997.
ZANINI, Walter (org.). História geral da arte no Brasil - II. São Paulo: Instituto Walther Moreira Salles : Fundação Djalma Guimarães, 1983.
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
A HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA
A palavra Fotografia vem do grego φως [fós] ("luz"), e γραφις [grafis] ("estilo", "pincel") ou γραφη grafê, e significa "desenhar com luz"..
Por definição, fotografia é, essencialmente, a técnica de criação de imagens por meio de exposição luminosa, fixando esta em uma superfície sensível. A primeira fotografia reconhecida remonta ao ano de 1826 e é atribuída ao francês Joseph Nicéphore Niépce. Contudo, a invenção da fotografia não é obra de um só autor, mas um processo de acúmulo de avanços por parte de muitas pessoas, trabalhando juntas ou em paralelo ao longo de muitos anos.
Se por um lado os princípios fundamentais da fotografia se estabeleceram há décadas e, desde a introdução do filme fotográfico colorido, quase não sofreram mudanças, por outro, os avanços tecnológicos têm sistematicamente possibilitado melhorias na qualidade das imagens produzidas, agilização das etapas do processo de produção e a redução de custos, popularizando o uso da fotografia.
Atualmente, a introdução da tecnologia digital tem modificado drasticamente os paradigmas que norteiam o mundo da fotografia. Os equipamentos, ao mesmo tempo que são oferecidos a preços cada vez menores, disponibilizam ao usuário médio recursos cada vez mais sofisticados, assim como maior qualidade de imagem e facilidade de uso.
A simplificação dos processos de captação, armazenagem, impressão e reprodução de imagens proporcionados intrinsecamente pelo ambiente digital, aliada à facilidade de integração com os recursos da informática, como organização em álbuns, incorporação de imagens em documentos e distribuição via Internet, têm ampliado e democratizado o uso da imagem fotográfica nas mais diversas aplicações. A incorporação da câmera fotográfica aos aparelhos de telefonia móvel têm definitivamente levado a fotografia ao cotidiano particular do indivíduo.
Dessa forma, a fotografia, à medida que se torna uma experiência cada vez mais pessoal, deverá ampliar, através dos diversos perfis de fotógrafos amadores ou profissionais, o já amplo espectro de significado da experiência de se conservar um momento em uma imagem.
História
A fotografia não é a obra final de um único criador. Ao longo da história, diversas pessoas foram agregando conceitos e processos que deram origem à fotografia como a conhecemos. O mais antigo destes conceitos foi o da câmara escura, descrita pelo napolitano Giovanni Baptista Della Porta, já em 1558, e conhecida por Leonardo da Vinci que a usava, como outros artistas no século XVI para esboçar pinturas.
O cientista italiano Angelo Sala, em 1604, percebeu que um composto de prata escurecia ao Sol, supondo que esse efeito fosse produzido pelo calor. Foi então que, Johann Heinrich Schulze fazendo experiências com ácido nítrico, prata e gesso em 1724, determinou que era a prata halógena, convertida em prata metálica, e não o calor, que provocava o escurecimento.
A primeira fotografia reconhecida é uma imagem produzida em 1826 pelo francês Joseph Nicéphore Niépce, numa placa de estanho coberta com um derivado de petróleo fotossensível chamado Betume da Judéia. A imagem foi produzida com uma câmera, sendo exigidas cerca de oito horas de exposição à luz solar. Nièpce chamou o processo de "heliografia", gravura com a luz do Sol. Paralelamente, outro francês, Daguerre, produzia com uma câmera escura efeitos visuais em um espetáculo denominado "Diorama". Daguerre e Niépce trocaram correspondência durante alguns anos, vindo finalmente a firmarem sociedade.
Após a morte de Nièpce, Daguerre desenvolveu um processo com vapor de mercúrio que reduzia o tempo de revelação de horas para minutos. O processo foi denominado daguerreotipia. Daguerre descreveu seu processo à Academia de Ciências e Belas Artes, na França e logo depois requereu a patente do seu invento na Inglaterra. A popularização dos daguerreótipos, deu origem às especulações sobre o "fim da pintura", inspirando o Impressionismo.
O britânico William Fox Talbot, que já efetuava pesquisas com papéis fotossensíveis, ao tomar conhecimento dos avanços de Daguerre, em 1839, decidiu apressar a apresentação de seus trabalhos à Royal Institution e à Royal Society, procurando garantir os direitos sobre suas invenções. Talbot desenvolveu um diferente processo denominado calotipo, usando folhas de papel cobertas com cloreto de prata, que posteriormente eram colocadas em contato com outro papel, produzindo a imagem positiva. Este processo é muito parecido com o processo fotográfico em uso hoje, pois também produz um negativo que pode ser reutilizado para produzir várias imagens positivas.
A época, Hippolyte Bayard também desenvolveu um método de fotografia. Porém, por demorar a anuncia-lo, não pôde mais ser reconhecido como seu inventor.
No Brasil, o francês radicado em Campinas, São Paulo, Hércules Florence conseguiu resultados superiores aos de Daguerre, pois desenvolveu negativos. Contudo, apesar das tentativas de disseminação do seu invento, ao qual denominou "Photographie" - foi o legítimo inventor da palavra - não obteve reconhecimento à época. Sua vida e obra só foram devidamente resgatadas em 1976 por Boris Kossoy.
No Brasil, o francês radicado em Campinas, São Paulo, Hércules Florence conseguiu resultados superiores aos de Daguerre, pois desenvolveu negativos. Contudo, apesar das tentativas de disseminação do seu invento, ao qual denominou "Photographie" - foi o legítimo inventor da palavra - não obteve reconhecimento à época. Sua vida e obra só foram devidamente resgatadas em 1976 por Boris Kossoy.
A fotografia então popularizou-se como produto de consumo a partir de 1888 com a introdução da câmera tipo "caixão" e pelo filme em rolos substituíveis criados por George Eastman.
Desde então, o mercado fotográfico tem experimentado uma crescente evolução tecnológica, como o estabelecimento do filme colorido como padrão e o foco automático, ou exposição automática. Essas inovações indubitavelmente facilitam a captação da imagem, melhoram a qualidade de reprodução ou a rapidez do processamento, mas muito pouco foi alterado nos princípios básicos da fotografia.
A grande mudança recente, produzida a partir do final do século XX, foi a digitalização dos sistemas fotográficos. A fotografia digital mudou paradigmas no mundo da fotografia, minimizando custos, reduzindo etapas, acelerando processos e facilitando a produção, manipulação, armazenamento e transmissão de imagens pelo mundo. O aperfeiçoamento da tecnologia de reprodução de imagens digitais tem quebrado barreiras de restrição em relação a este sistema por setores que ainda prestigiam o tradicional filme, e assim, irreversivelmente ampliando o domínio da fotografia digital.
Desenvolvimento Técnico
Sabemos que a fotografia é uma invenção do Século XIX, mas a tecnologia que originou e permitiu a evolução da câmera fotográfica e do filme foi criada no Século XX.
O filme pancromático (sensível a todas as cores do espectro) foi introduzido em 1906 pelo químico Ernest Konig (1869-1924) autor de vários livros sobre fotografia a cores.
As câmeras fotográficas como instrumento de precisão surgiram em 1924 com o lançamento da primeira Leica (Leitz Camera) pela firma Ernest Leitz de Weztlar, Alemanha.
Tais câmeras, desenhadas onze anos antes por Oskar Barnack (1879- 1936), transformaram-se numa verdadeira extensão do olho humano criando uma revolução na idéia de ver. Possuíam objetivas fixas Elmar de boa luminosidade, obturadores situados entre os elementos da lente e trabalhavam com filmes de 35 mm, antes só usados em cinema, permitindo maior versatilidade à fotografia. O fotojornalismo tornou-se possível graças à difusão das câmeras Leica entre os fotógrafos da década de 30.
Outro instrumento de enorme valor para os fotógrafos de então foi a câmera Ermanox que utilizava placas secas de vidro, rápidas e pancromáticas além das objetivas Ernostar f1.8, as mais luminosas da época. As câmeras Ermanox foram utilizadas por Erich Salomon(1886-1944), Felix H. Man e outros pioneiros da reportagem fotográfica pois permitiu os instantâneos sem o uso de "flash".
Nos anos que antecederam a Segunda Guerra Mundial profissionais e amadores usavam a câmera Rolleiflex lançada no mercado em 1929 pela firma Francke & Heidecke. Esta câmera, precursora das numerosas câmeras duplo-reflex, utilizava filme em rolo e era menos volumosa do que a Ermanox (placas secas) produzindo um negativo de 6 X 6 cms.
Em 1937 é lançada na Alemanha a primeira câmera mono-reflex de 35 mm, Exakta, com pouca aceitação devido a seu sistema de focalização.
Depois da Segunda Guerra Mundial várias câmeras foram lançadas no mercado entre elas a Hasselblad mono-reflex de formato 6 X 6 que adquiriu grande popularidade entre os fotógrafos de publicidade e moda. Em 1947 Edwin H. Land lançou nos Estados Unidos a Polaroid com a qual obtinha-se uma imagem pronta em um minuto, tempo reduzido posteriormente para 10 segundos. No Japão foram lançadas câmeras de visão direta que, aperfeiçoadas em 1957, produziram as mono-reflex de 35 mm como a famosa Nikon. Em 1959 a firma Voigtlander lançou a objetiva Zoom que veio a suprir a necessidade de objetivas com diferentes distâncias focais. Em 1963 a Polaroid lançou nos Estados Unidos a Polaroid SX-70 com a qual conseguimos uma imagem colorida em segundos.
Em 1984 ocorreu a introdução da fotografia digital com a câmera MAVICA (Magnetic Video Camera) produzida pela Sony sendo utilizada pela primeira vez nos Jogos Olímpicos de Los Angeles.
Atualmente as câmeras digitais possuem uma resolução de 60,5 Megapixels e, parece que muito em breve, poderemos dispensar definitivamente o filme fotográfico como suporte para imagens.
Bibliografia
Eder, Josef Maria History of Photography Dover Publication, Inc. New York. 1972.
Focal Press The Focal Encyclopedia of Photography (Two Volumes Set) Focal Press Ltd. London, 1972.
Gernsheim, Helmut & Alison Gernsheim Historia Gráfica de la Fotografia Ediciones Omega. Barcelona, 1967.
Kodak Limited. All About Photography Kodak Limited Public Relations Division. Hemel Hempstead. 1977.
Langford, Michael. The Story of Photography Focal Press London, 1980.
BERNIER, Jules. 200 assuntos fotograficos. 1. ed. São Paulo: Iris, 1970. 168 p.
BUSSELLE, Michael. Tudo sobre fotografia. São Paulo: Círculo do Livro, 1988. 224 p.
GURAN, Milton. Linguagem fotográfica e informação. 3. ed. Rio de Janeiro: Gama Filho, 2002. 119 p.
HEDGECOE, John. Guia completo de fotografia. São Paulo: Martins Fontes, 1996-2001. 224 p.
HUMBERTO, Luis. Fotografia, a poética do banal. Brasília: Universidade de Brasília, 2000. 105 p.
LIMA, Ivan. Fotojornalismo brasileiro: Realidade e linguagem. 1. ed. Rio de Janeiro: Fotografia Brasileira, 1989. 90 p.
MOURA, Edgar. 50 anos luz, câmera e ação. 2. ed. São Paulo: SENAC, 2001. 444 p.
SOUSA, Jorge Pedro. Uma história crítica do fotojornalismo ocidental. Chapecó: Argos, 2004. 255 p.
KOSSOY, Boris. Fotografia e História, São Paulo: Ateliê Editorial, 2003. ISBN 85-7480-060-0
KUBRUSLY, CLáudio A., O que é Fotografia, Coleção Primeiros Passos, São Paulo: Brasiliense, 1982
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
Memória, História e Fotografia
“Memória e história sempre estiveram profundamente relacionadas e, pelo grande volume de informações hoje em circulação, cada vez mais a história passa a ser construída a partir dos “lugares” da memória coletiva – lugares topográficos, como arquivos e museus, lugares monumentais, arquitetônico, lugares funcionais, como manuais, autobiografias, lugares simbólicos, comemorações, emblemas, etc. A história seria a forma científica da memória coletiva (LE GOFF, 1992)”.
Materiais da memória coletiva, as fotografias são monumentos, na medida em que, para além da simples descrição, traduzem valores, idéias, tradições e comportamentos que permitem tanto recuperar formas de ser e agir dos diferentes grupos sociais, em diversas épocas históricas, como também, operar sobre as representações que deles, ainda hoje, perduram e atuam como elemento de coesão social para seus descendentes. A fotografia engendra imagens cujo valor histórico vem, aos poucos, sendo revelado pela historiografia atual (CIAVATTA, 2002).
Nos últimos anos, a fotografia vêm sofrendo uma série de transformações, graças a “era digital”. Com isso vêem ocupando espaços cada vês mais importantes nos meios de comunicação de massa “jornais e revistas”, pela internet, nos sites de relacionamentos “blog’s, rede sociais”, e até ocupando espaços que antes eram destinados as grande “obras de arte” como museus e galerias de artes espalhados pelo mundo inteiro.
Materiais da memória coletiva, as fotografias são monumentos, na medida em que, para além da simples descrição, traduzem valores, idéias, tradições e comportamentos que permitem tanto recuperar formas de ser e agir dos diferentes grupos sociais, em diversas épocas históricas, como também, operar sobre as representações que deles, ainda hoje, perduram e atuam como elemento de coesão social para seus descendentes. A fotografia engendra imagens cujo valor histórico vem, aos poucos, sendo revelado pela historiografia atual (CIAVATTA, 2002).
Nos últimos anos, a fotografia vêm sofrendo uma série de transformações, graças a “era digital”. Com isso vêem ocupando espaços cada vês mais importantes nos meios de comunicação de massa “jornais e revistas”, pela internet, nos sites de relacionamentos “blog’s, rede sociais”, e até ocupando espaços que antes eram destinados as grande “obras de arte” como museus e galerias de artes espalhados pelo mundo inteiro.
A fotografia se faz presente na nossa história cultural, pois ela agrega conteúdos múltiplos de informações de uma determinada realidade selecionada. Pois a fotografia mostra apenas um “determinado momento de uma realidade”. Durante a sua criação, a fotografia pode passar por um processo de manipulação, que pode ser de ordem estética, técnica ou até mesmo ideológica.
Onde o fotógrafo poderá escolher, “onde, como, e o por que”, será registrado pelas suas lentes.
“A fotografia contém informações congeladas em um determinado momento, espaço e ponto de vista. Contém uma carga de veracidade aceita antes mesmo de ser tirada. Como não possui montagem a princípio, tem um caráter de exatidão e realidade muito forte. Atribui-se à fotografia a qualidade de registro histórico enquanto expressão da verdade. O registro pode ser de pessoas, com suas maneiras e expressões; construções; ruas; natureza etc.”
A fotografia feita, muitas vezes, surpreende por captar mais do que se pretendia, podendo também decepcionar, na medida em que a própria memória ilude. Estas conseqüências, geradas por processos mecânicos, contrapõe-se ao modo de ver. Suas respectivas limitações, são na realidade, pontos de partida para conscientização da criação artística - sempre subjetiva como a nossa percepção - e que refletem o caráter pessoal de cada artista, não se deixando dominar pela imagem mecanicamente obtida.
A fotografia traz consigo a aura da veracidade e seu surgimento contribuiu diretamente para que todos os segmentos artísticos, literários e intelectuais passassem por uma profunda reflexão, evidenciando um dado importante que até aquele momento permanecera intacto: a concepção que o homem tinha de si próprio.
As fotografias são suportes de memória especialmente significativos já que, por registrarem a imagem de um momento vivido, despertam um grande interesse e motivação quando mostradas. Para o historiador, as fotografias se constituem em uma leitura desse mesmo momento operada pelo olhar do fotógrafo, que seleciona o que deve e o que não deve ser fotografado.
As fotos fazem parte do acervo pessoal de Marino do Espírito Santo Júnior
©All Rights Reserved Marino do Espírito Santo Júnior
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
"GUERRA DOS EMBOABAS", 300 anos depois
A Galeria Alberto da Veiga Guignard, no Palácio das Artes abriga a exposição "Guerra dos Emboabas, 300 anos depois.
A exposição foi realizada pelo historiador e curador Leonardo José Magalhães Gomes, que contou com a colaboração e consultoria da historiadora Adriana Romeiro, professora da UFMG e autora do livro recém lançado - "Paulistas e Emboabas no coração das Minas" lançado pela editora da UFMG.
A exposição foi realizada pelo historiador e curador Leonardo José Magalhães Gomes, que contou com a colaboração e consultoria da historiadora Adriana Romeiro, professora da UFMG e autora do livro recém lançado - "Paulistas e Emboabas no coração das Minas" lançado pela editora da UFMG.
"A Guerra dos Emboabas, encerrada há exatos 300 anos na região das Minas Gerais, teve como maior beneficiada a Coroa Portuguesa. Pesquisas minuciosas realizadas durante a pré-produção da exposição, realizadas pelo curador, o historiador Leonardo José Magalhães Gomes, mostram que, ao contrário de correntes tradicionais da História do Brasil, nenhum dos dois lados envolvidos diretamente no conflito, bandeirantes paulistas e emboabas (como eram chamados, pelos paulistas, os brasileiros de outras regiões e portugueses atraídos pelo ouro, do tupi emboaba, que fere ou ofende, sendo usado por extensão aos membros do grupo de invasores), saiu completamente vencedor, embora esses últimos tenham sido declarados como tal. Para lembrar o tricentenário do fim do conflito, as capitais dos dois Estados serão sede de uma programação, até o final do ano, que tem o objetivo de atualizar as informações e renovar o interesse dos pesquisadores e do público sobre esse episódio importante da história do País. Uma das conseqüências do conflito, que podem ser sentidas até hoje, foi a separação do território onde atualmente estão localizados os Estados de São Paulo e Minas Gerais: no dia 9 de novembro de 1709, uma carta régia criou a Capitania de São Paulo e Minas do Ouro, separando as duas regiões da capitania do Rio de Janeiro, cidade à qual eram subordinadas administrativamente."
A exposição - "GUERRA DOS EMBOABAS, 300 anos depois" - vai até o dia 20 de setembro, a entrada e franca,
Informações: 3236-7400
Endereço - Avenida Afonso Pena, 1537 - Centro BH
Fotos e nota: Marino do Espírito Santo Júnior - ASSCOM/CONSEP/AISP-23
sábado, 29 de agosto de 2009
FOTOGRAFIA COMO ARTE
A discussão sobre se a fotografia é arte ou não é longa e envolve uma diversidade de opiniões.
De acordo com Barthes, muitos não a consideram arte, por ser facilmente produzida e reproduzida, mas a sua verdadeira alma está em interpretar a realidade, não apenas copiá-la. Nela há uma série de símbolos organizados pelo artista e o receptor os interpreta e os completa com mais símbolos de seu repertório. Fazer fotografia não é apenas apertar o disparador. Tem de haver sensibilidade, registrando um momento único, singular. O fotógrafo recria o mundo externo através da realidade estética.
Em um mundo dominado pela comunicação visual, a fotografia só vem para acrescentar, pode ser ou não arte, tudo depende do contexto, do momento, dos ícones envolvidos na imagem. Cabe ao observador interpretar a imagem, acrescentar a ela seu repertório e sentimento.
“Fotografar é colocar na mesma linha de mira a cabeça, o olho e o coração”. Henri Cartier-Bresson
De acordo com Barthes, muitos não a consideram arte, por ser facilmente produzida e reproduzida, mas a sua verdadeira alma está em interpretar a realidade, não apenas copiá-la. Nela há uma série de símbolos organizados pelo artista e o receptor os interpreta e os completa com mais símbolos de seu repertório. Fazer fotografia não é apenas apertar o disparador. Tem de haver sensibilidade, registrando um momento único, singular. O fotógrafo recria o mundo externo através da realidade estética.
Em um mundo dominado pela comunicação visual, a fotografia só vem para acrescentar, pode ser ou não arte, tudo depende do contexto, do momento, dos ícones envolvidos na imagem. Cabe ao observador interpretar a imagem, acrescentar a ela seu repertório e sentimento.
“Fotografar é colocar na mesma linha de mira a cabeça, o olho e o coração”. Henri Cartier-Bresson
Essência da fotografia
A discussão sobre o uso da Fotografia é precedido pela tentativa de compreender sua imagem, o que ocorre desde seu desenvolvimento por diversos fotógrafos ao longo do século XIX (como afirma Geoffrey Batchen). Seu caráter artístico evidente constitui um entrave a seu uso pelas ciências sociais, enquanto seu caráter científico a tornou uma espécie de subalterna no campo da arte, características que parecem se reverter na segunda metade do século vinte, na medida em que o estudo desse meio se aprofundou, as ciências sociais se abriram para a impossibilidade de completa objetividade, e o campo da arte passou a lidar fortemente com a idéia, em oposição a uma ênfase na forma artística.
Os estudos históricos sobre a Foto iniciam por volta de cem anos após sua invenção. Já os estudos teóricos sobre a Fotografia parecem iniciar no pós-guerra, e a principal teoria usada para caracterizar a Fotografia advém do campo da semiótica, ou seja, declina da Semiologia de Saussure.
Numa leitura estrita da obra de Charles Sanders Peirce, definidora do campo da semiótica, a Fotografia se definiria a partir das três categorias de signo, que existem numa ordem de importância e dependência umas das outras : o ícone, que é uma representação qualitativa de um objeto - por exemplo, por analogia (é o caso da imagem fotográfica), o índice, que caracteriza um signo que refere-se ao significante pela causalidade ou pela contiguidade (às vezes diferenciado como índex, como na leitura de Umberto Eco), e o símbolo, cuja relação com o significante é arbitrária e definida por uma convenção (é o caso de uma bandeira de um país, por exemplo).
Ora, os estudos iniciais da Fotografia, bem como os artistas ao longo do século XIX E XX se preocupavam com o problema da iconicidade da Fotografia, isto é, o potencial de sua imagem e o caráter de seu realismo. O primeiro sinal de problematização dessa modalidade de discurso está na obra de Walter Benjamin, cujo texto "A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica", revela uma preocupação com a modificação da recepção da Fotografia e do cinema em relação aos meios tradicionais da arte, estudo pioneiro e extremamente influente que leva instâncias inéditas, como o problema da aura (o que a diferencia da arte clássica) bem como o da multiplicação maciça da imagem.
É na obra de Roland Barthes que vemos um segundo momento da tentativa de tratar da Fotografia como meio. A obra de Barthes passa pela construção do estruturalismo, e sua leitura da obra de Peirce. Mas o universo de Barthes não se resume ao universo do signo: seu grande livro sobre Fotografia, "Câmara Clara", possui um ponto de vista fenomenológico (que refere a Foto ao noema, conceito da fenomenologia de Husserl), bem como utiliza elementos da psicanálise lacaniana. Ao longo da obra de Barthes, a Foto é lida numa chave dialógica característica do estruturalismo, implicando a criação de conceitos tais como conotação e denotação, ou ainda obtuso e o óbvio, até o desenvolvimento do par studium/punctum, que não são mais pólos entre os quais a Fotografia existe, mas estados da Fotografia: como studium, a Fotografia se exibe como objeto indiferente de estudo, enquanto a expressão punctum define a instauração de um fenômeno no qual sujeito e foto se afetam.
Um dos legados da leitura de Barthes sobre a fotografia é a percepção da importância do conceito de "indice", que é desenvolvido posteriormente nas obras de Rosalind Krauss (em "O Fotográfico", e em "A originalidade da Vanguarda"), de Jean-Marie Schaeffer ("A imagem precária"), e Philippe Dubois ("O Ato Fotográfico"). Tal relação não apenas tem sido utilizada no campo da arte, como indica Krauss, mas vem permitindo o uso da Fotografia de modo crescente nas ciências sociais.
Os estudos históricos sobre a Foto iniciam por volta de cem anos após sua invenção. Já os estudos teóricos sobre a Fotografia parecem iniciar no pós-guerra, e a principal teoria usada para caracterizar a Fotografia advém do campo da semiótica, ou seja, declina da Semiologia de Saussure.
Numa leitura estrita da obra de Charles Sanders Peirce, definidora do campo da semiótica, a Fotografia se definiria a partir das três categorias de signo, que existem numa ordem de importância e dependência umas das outras : o ícone, que é uma representação qualitativa de um objeto - por exemplo, por analogia (é o caso da imagem fotográfica), o índice, que caracteriza um signo que refere-se ao significante pela causalidade ou pela contiguidade (às vezes diferenciado como índex, como na leitura de Umberto Eco), e o símbolo, cuja relação com o significante é arbitrária e definida por uma convenção (é o caso de uma bandeira de um país, por exemplo).
Ora, os estudos iniciais da Fotografia, bem como os artistas ao longo do século XIX E XX se preocupavam com o problema da iconicidade da Fotografia, isto é, o potencial de sua imagem e o caráter de seu realismo. O primeiro sinal de problematização dessa modalidade de discurso está na obra de Walter Benjamin, cujo texto "A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica", revela uma preocupação com a modificação da recepção da Fotografia e do cinema em relação aos meios tradicionais da arte, estudo pioneiro e extremamente influente que leva instâncias inéditas, como o problema da aura (o que a diferencia da arte clássica) bem como o da multiplicação maciça da imagem.
É na obra de Roland Barthes que vemos um segundo momento da tentativa de tratar da Fotografia como meio. A obra de Barthes passa pela construção do estruturalismo, e sua leitura da obra de Peirce. Mas o universo de Barthes não se resume ao universo do signo: seu grande livro sobre Fotografia, "Câmara Clara", possui um ponto de vista fenomenológico (que refere a Foto ao noema, conceito da fenomenologia de Husserl), bem como utiliza elementos da psicanálise lacaniana. Ao longo da obra de Barthes, a Foto é lida numa chave dialógica característica do estruturalismo, implicando a criação de conceitos tais como conotação e denotação, ou ainda obtuso e o óbvio, até o desenvolvimento do par studium/punctum, que não são mais pólos entre os quais a Fotografia existe, mas estados da Fotografia: como studium, a Fotografia se exibe como objeto indiferente de estudo, enquanto a expressão punctum define a instauração de um fenômeno no qual sujeito e foto se afetam.
Um dos legados da leitura de Barthes sobre a fotografia é a percepção da importância do conceito de "indice", que é desenvolvido posteriormente nas obras de Rosalind Krauss (em "O Fotográfico", e em "A originalidade da Vanguarda"), de Jean-Marie Schaeffer ("A imagem precária"), e Philippe Dubois ("O Ato Fotográfico"). Tal relação não apenas tem sido utilizada no campo da arte, como indica Krauss, mas vem permitindo o uso da Fotografia de modo crescente nas ciências sociais.
Memória e Afeto
Na fotografia encontra-se a ausência, a lembrança, a separação dos que se amam, as pessoas que já faleceram, as que desapareceram.
Para algumas pessoas, fotografar é um ato prazeroso, de estar figurando ou imitando algo que existe. Já para outras, é a necessidade de prolongar o contato, a proximidade, o desejo de que o vínculo persista.
Strelczenia, 2001, apud Debray (1986, p. 60) assinala que a imagem nasce da morte, como negação do nada e para prolongar a vida, de tal forma que entre o representado e sua representação haja uma transferência de alma. A imagem não é uma simples metáfora do desaparecido, mas sim "uma metonímia real, um prolongamento sublimado, mas ainda físico de sua carne".
A foto faz que as pessoas lembrem do seu passado e que fiquem conscientes de quem são. O conhecimento do real e a essência de identidade individual dependem da memória. A memória vincula o passado ao presente, ela ajuda a representar o que ocorreu no tempo, porque unindo o antes com o agora temos a capacidade de ver a transformação e de alguma maneira decifrar o que virá.
A fotografia captura um instante, põe em evidência um momento, ou seja, o tempo que não pára de correr e de ter transformações. Ao olhar uma fotografia é importante valorizar o salto entre o momento em que o objeto foi clicado e o presente em que se contempla a imagem, porém a ocasião fotografada é capaz de conter o antes e depois.
Confia-se, portanto, na capacidade da câmera fotográfica para guardar os instantes que se consideram valiosos. Tirar fotografias ajuda a combater o nada, o esquecimento. Para recordar é necessário reter certos fragmentos da experiência e esquecer o resto. São mais os instantes que se perdem que os que podemos conservar. Segundo Strelczenia (2001), "A memória se premia recordando, fazendo memorável; se castiga com o esquecimento ".
Fotografa-se para recordar, porque os acontecimentos terminam e as fotografias permanecem, porém não sabemos se esses momentos foram significativos em si mesmos ou se tornaram memoráveis por terem sido fotografados.
A memória é constitutiva da condição humana: desde sempre o homem tem se ocupado em produzir sinais que permaneçam mais além do futuro, que sirvam de marca da própria existência e que lhe dêem sentido. A fotografia traz consigo mais daquilo do que se vê. Ela não somente capta imagens do mundo, mas pode registrar o "gesto revelador, a expressão que tudo resume, a vida que o movimento acompanha, mas que uma imagem rígida destrói ao seccionar o tempo, se não escolhemos a fração essencial imperceptível" (CORTÁZAR, 1986,p. 30)
Todo esse campo de interpretação que a fotografia permite parte de vários fatores, ingredientes que agem profundamente (nem sempre visíveis) no significado da imagem. Segundo Lucia Santaella e Winfried Nöth (2001), esses elementos são: o fotógrafo, como agente; o fotógrafo, a máquina e o mundo, ou seja, o ato fotográfico, a fenomenologia desse ato; a máquina como meio; a fotografia em si; a relação da foto com o referente; a distribuição fotográfica, isto é, a sua reprodução; a recepção da foto, o ato de vê-la.
É no ensaio fotográfico que a pessoa busca a emoção, algo que ela nunca tenha sentido. A fotografia é capaz de ferir, de comover ou animar uma pessoa. Para cada um ela oferece um tipo de afeto. Na composição de significado da foto, segundo Barthes (1984), há três fatores principais: o fotógrafo (operator), o objeto (spectrum) e o observador (spectator). O fotógrafo lança seu olhar sobre o assunto, ele o contamina e faz as fotos segundo seu ponto de vista. O objeto (ou modelo) se modifica na frente de uma lente, simulando uma coisa que não é. No caso do observador, ele gera mais um campo de significado, lançando todo o seu repertório e alterando mais uma vez a imagem.
Barthes (1984, p. 45) observa ainda a presença de dois elementos na fotografia, aquilo que o fotógrafo quis transmitir é chamado de studium, ou seja, é o óbvio, aquilo que é intencional. Já quando há um detalhe que não foi pré-produzido pelo autor, recebe o nome de punctum. Esse último gera um outro significado para o observador, fere, atravessa, mexe com sua interpretação.
Reconhecer o studium é fatalmente encontrar as intenções do fotógrafo, entrar em harmonia com elas, aprova-las, dicuti-las em mim mesmo, pois a cultura (com que tem a ver o studium) é um contrato feito entre os criadores e os consumidores. (…) A esse segundo elemento que vem contrariar o studium chamarei então punctum. Dessa vez, não sou eu que vou busca-lo, é ele que parte da cena, como uma flecha, e vem me transpassar (BARTHES, 1984, p. 48).
Por meio das fotografias descobre-se a capacidade de obter camadas inteiras e de emoções que estão escondidas na memória. Também se pode descobrir e obter novas significações que naqueles momentos não estavam explícitas.
As imagens são aparentemente silenciosas. Sempre, no entanto, provocam e conduzem a uma infinidade de discursos em torno delas.
Na fotografia encontra-se a ausência, a lembrança, a separação dos que se amam, as pessoas que já faleceram, as que desapareceram.
Para algumas pessoas, fotografar é um ato prazeroso, de estar figurando ou imitando algo que existe. Já para outras, é a necessidade de prolongar o contato, a proximidade, o desejo de que o vínculo persista.
Strelczenia, 2001, apud Debray (1986, p. 60) assinala que a imagem nasce da morte, como negação do nada e para prolongar a vida, de tal forma que entre o representado e sua representação haja uma transferência de alma. A imagem não é uma simples metáfora do desaparecido, mas sim "uma metonímia real, um prolongamento sublimado, mas ainda físico de sua carne".
A foto faz que as pessoas lembrem do seu passado e que fiquem conscientes de quem são. O conhecimento do real e a essência de identidade individual dependem da memória. A memória vincula o passado ao presente, ela ajuda a representar o que ocorreu no tempo, porque unindo o antes com o agora temos a capacidade de ver a transformação e de alguma maneira decifrar o que virá.
A fotografia captura um instante, põe em evidência um momento, ou seja, o tempo que não pára de correr e de ter transformações. Ao olhar uma fotografia é importante valorizar o salto entre o momento em que o objeto foi clicado e o presente em que se contempla a imagem, porém a ocasião fotografada é capaz de conter o antes e depois.
Confia-se, portanto, na capacidade da câmera fotográfica para guardar os instantes que se consideram valiosos. Tirar fotografias ajuda a combater o nada, o esquecimento. Para recordar é necessário reter certos fragmentos da experiência e esquecer o resto. São mais os instantes que se perdem que os que podemos conservar. Segundo Strelczenia (2001), "A memória se premia recordando, fazendo memorável; se castiga com o esquecimento ".
Fotografa-se para recordar, porque os acontecimentos terminam e as fotografias permanecem, porém não sabemos se esses momentos foram significativos em si mesmos ou se tornaram memoráveis por terem sido fotografados.
A memória é constitutiva da condição humana: desde sempre o homem tem se ocupado em produzir sinais que permaneçam mais além do futuro, que sirvam de marca da própria existência e que lhe dêem sentido. A fotografia traz consigo mais daquilo do que se vê. Ela não somente capta imagens do mundo, mas pode registrar o "gesto revelador, a expressão que tudo resume, a vida que o movimento acompanha, mas que uma imagem rígida destrói ao seccionar o tempo, se não escolhemos a fração essencial imperceptível" (CORTÁZAR, 1986,p. 30)
Todo esse campo de interpretação que a fotografia permite parte de vários fatores, ingredientes que agem profundamente (nem sempre visíveis) no significado da imagem. Segundo Lucia Santaella e Winfried Nöth (2001), esses elementos são: o fotógrafo, como agente; o fotógrafo, a máquina e o mundo, ou seja, o ato fotográfico, a fenomenologia desse ato; a máquina como meio; a fotografia em si; a relação da foto com o referente; a distribuição fotográfica, isto é, a sua reprodução; a recepção da foto, o ato de vê-la.
É no ensaio fotográfico que a pessoa busca a emoção, algo que ela nunca tenha sentido. A fotografia é capaz de ferir, de comover ou animar uma pessoa. Para cada um ela oferece um tipo de afeto. Na composição de significado da foto, segundo Barthes (1984), há três fatores principais: o fotógrafo (operator), o objeto (spectrum) e o observador (spectator). O fotógrafo lança seu olhar sobre o assunto, ele o contamina e faz as fotos segundo seu ponto de vista. O objeto (ou modelo) se modifica na frente de uma lente, simulando uma coisa que não é. No caso do observador, ele gera mais um campo de significado, lançando todo o seu repertório e alterando mais uma vez a imagem.
Barthes (1984, p. 45) observa ainda a presença de dois elementos na fotografia, aquilo que o fotógrafo quis transmitir é chamado de studium, ou seja, é o óbvio, aquilo que é intencional. Já quando há um detalhe que não foi pré-produzido pelo autor, recebe o nome de punctum. Esse último gera um outro significado para o observador, fere, atravessa, mexe com sua interpretação.
Reconhecer o studium é fatalmente encontrar as intenções do fotógrafo, entrar em harmonia com elas, aprova-las, dicuti-las em mim mesmo, pois a cultura (com que tem a ver o studium) é um contrato feito entre os criadores e os consumidores. (…) A esse segundo elemento que vem contrariar o studium chamarei então punctum. Dessa vez, não sou eu que vou busca-lo, é ele que parte da cena, como uma flecha, e vem me transpassar (BARTHES, 1984, p. 48).
Por meio das fotografias descobre-se a capacidade de obter camadas inteiras e de emoções que estão escondidas na memória. Também se pode descobrir e obter novas significações que naqueles momentos não estavam explícitas.
As imagens são aparentemente silenciosas. Sempre, no entanto, provocam e conduzem a uma infinidade de discursos em torno delas.
Imagens de Marino do Espírito Santo Júnior©All Rights Reserved Marino do Espírito Santo Júnior
quinta-feira, 30 de julho de 2009
TAPEÇARIAS FRANCESAS - PATRIMÔNIO E CRIAÇÃO - De ECKHOUT AOS NOSSOS DIAS
Em comemoração do Ano da França no Brasil, o Museu de Artes e Ofícios abrigara a exposição 'TAPEÇARIAS FRANCESAS - PATRIMÔNIO E CRIAÇÃO' De ECKOUT AOS NOSOS DIAS até o dia 23 de agosto.
Criadas no século XVII por Henri IV depois por Louis XIII e formalizadas por Louis XIV para pôr fim às dispendiosas importações de tapeçarias estrangeiras e fornecer à Coroa criações de prestígio tecidas no território nacional, as três manufaturas dos Gobelins, de Beaivais et da Savonnerie são ainda hoje lugares ativos de criação que perpetuam, com o estímulo do mecenato do Estado Francês, uma tradição de excelente abertura para modernidade. Através das obras antigas e modernas, selecionadas para o ano da França no Brasil, pode-se constatar que a arte da tapeçaria não parou de se reinventar, mesmo permanecendo fiel a si própria. Os artistas através de sua criatividade, reflexo do seu olhar sobre o mundo, e os tecelões, através do seu conhecimento e prática e da sua interpretação inventiva, teceram juntos o fio que dá vida e sentido a uma tradição de quatrocentos anos sempre em movimento. A produção das Manufaturas testemunham essa formidável aventura que gerou obras de uma beleza inédita e cuja história segue aberta para um futuro ainda a se inventar.
O Museu de Artes e Ofícios fica na Praça Rui Barbosa s/nº Centro (Praça da Estação).
Horários de Funcionamento:
Terça,Quinta e Sexta-Feira de 12:00 às 19:00 horas
Quarta-Feira 12:00 às 21:00 horas
Sábado,Domingo e Feriado de 11:00 às 17:00 horas
* Entrada franca para a exposição - Telefone para contato: 31 - 3248 8600
acesse o site para maiores informações:
e-mail para contato: info@mao.org.br
quarta-feira, 29 de julho de 2009
O GRAFITE COMO ARTE URBANA
A arte do grafite é uma forma de manifestação artística popular, onde espaços públicos são utilizados, pelos adeptos desta arte, conhecidos por “grafiteiros”.
O grafite surgiu na década de 70 nos Estados Unidos, onde grupos faziam marcações, formas geométricas variadas e até mesmo desenhos para determinar seus territórios, ou mesmo para expressar fatos do seu cotidiano ou para mostrar o seu total desrespeito as leis.
Com o tempo estas marcas foram tomando formas e criando vida e movimento.
O grafite está ligado diretamente a vários movimentos, em especial ao Hip Hop. Para esse movimento, o grafite é a forma de expressar toda a opressão que a humanidade vive, principalmente os menos favorecidos, ou seja, o grafite reflete a realidade das ruas.
Segundo artigo encontrado na Wikipédia, a enciclopédia livre temos a seguinte definição e a origem do grafite:
· “Grafite ou grafito (do italiano graffiti, plural de graffito) é o nome dado às inscrições feitas em paredes, desde o Império Romano. Considera-se grafite uma inscrição caligrafada ou um desenho pintado ou gravado sobre um suporte que não é normalmente previsto para esta finalidade, porém com autorização do proprietário.
· Por muito tempo visto como um assunto irrelevante ou mera contravenção, atualmente o grafite já é considerado como forma de expressão incluída no âmbito das artes visuais mais especificamente, da street art ou arte urbana- em que o artista aproveita os espaços públicos, criando uma linguagem intencional para interferir na cidade. Entretanto ainda há quem não concorde, equiparando o valor artístico do grafite ao da pichação, que é bem mais controverso.
· Normalmente distingue-se o grafite, de elaboração mais complexa, da simples pichação, quase sempre considerada como contravenção. No entanto, muitos grafiteiros respeitáveis, como Osgemeos, autores de importantes trabalhos em várias paredes do mundo - aí incluída a grande fachada da Tate Modern de Londres - admitem ter um passado de pichadores.
· A partir do movimento contracultura de maio de 1968, quando os muros de Paris foram suporte para inscrições de caráter poético-político, a prática do grafite generalizou-se pelo mundo, em diferentes contextos, tipos e estilos, que vão do simples rabisco ou de tags repetidas ad nauseam, como uma espécie de demarcação de território, até grandes murais executados em espaços especialmente designados para tal, ganhando status de verdadeiras obras de arte. Os grafites podem também estar associados a diferentes movimentos e tribos urbanas, como o hip-hop, e a variados graus de transgressão.”
O grafite surgiu na década de 70 nos Estados Unidos, onde grupos faziam marcações, formas geométricas variadas e até mesmo desenhos para determinar seus territórios, ou mesmo para expressar fatos do seu cotidiano ou para mostrar o seu total desrespeito as leis.
Com o tempo estas marcas foram tomando formas e criando vida e movimento.
O grafite está ligado diretamente a vários movimentos, em especial ao Hip Hop. Para esse movimento, o grafite é a forma de expressar toda a opressão que a humanidade vive, principalmente os menos favorecidos, ou seja, o grafite reflete a realidade das ruas.
Segundo artigo encontrado na Wikipédia, a enciclopédia livre temos a seguinte definição e a origem do grafite:
· “Grafite ou grafito (do italiano graffiti, plural de graffito) é o nome dado às inscrições feitas em paredes, desde o Império Romano. Considera-se grafite uma inscrição caligrafada ou um desenho pintado ou gravado sobre um suporte que não é normalmente previsto para esta finalidade, porém com autorização do proprietário.
· Por muito tempo visto como um assunto irrelevante ou mera contravenção, atualmente o grafite já é considerado como forma de expressão incluída no âmbito das artes visuais mais especificamente, da street art ou arte urbana- em que o artista aproveita os espaços públicos, criando uma linguagem intencional para interferir na cidade. Entretanto ainda há quem não concorde, equiparando o valor artístico do grafite ao da pichação, que é bem mais controverso.
· Normalmente distingue-se o grafite, de elaboração mais complexa, da simples pichação, quase sempre considerada como contravenção. No entanto, muitos grafiteiros respeitáveis, como Osgemeos, autores de importantes trabalhos em várias paredes do mundo - aí incluída a grande fachada da Tate Modern de Londres - admitem ter um passado de pichadores.
· A partir do movimento contracultura de maio de 1968, quando os muros de Paris foram suporte para inscrições de caráter poético-político, a prática do grafite generalizou-se pelo mundo, em diferentes contextos, tipos e estilos, que vão do simples rabisco ou de tags repetidas ad nauseam, como uma espécie de demarcação de território, até grandes murais executados em espaços especialmente designados para tal, ganhando status de verdadeiras obras de arte. Os grafites podem também estar associados a diferentes movimentos e tribos urbanas, como o hip-hop, e a variados graus de transgressão.”
Informações complementares extraído do site:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Grafite_arte
http://pt.wikipedia.org/wiki/Grafite_arte
Imagens de Marino do Espírito Santo Júnior - Fotos da 1ª Bienal do Grafitte em BH
©All Rights Reserved Marino do Espírito Santo Júnior
sexta-feira, 24 de julho de 2009
PARA FOTOGRAFAR
Para tirar boas fotografias é preciso saber manipular a câmera, conhecr o funcionamento das lentes, entender a influência da Luz - e ter sensibilidade e ousadia para fazer experiências.
Com as câmeras digitais, geramos informação visual em forma de bits, que são gravados em cartões, cd's e dvd's. As imagens podem ser descarregadas em um computador e viajar pela internet ou ser impressas em papel. Existe uma tendência de crescimento na utilização desse tipo de equipamento.
A câmera fotográfica moderna é uma espécie de computador, cheia de botões e funções automáticas. Mas ela ainda consiste em uma caixa preta, com um jogo de lentes que servem para focalizar, aproximar ou até deformar a imagem. Em geral, tem um fotômetro para medir a luz da cena a ser fotografada. E com essa informação, podem ser ajustados o tamanho e a velocidade da abertura do diafragma, o orifício que controla a quantidade de luz que entra na máquina a cada foto.
A maioria das câmeras tem todos esses controles automáticos. Elas fazem uma leitura da imagem total e ajustam a luz sozinha. Como possuem um fotômetro muito sensível, podem perceber quaquer variação na luz, até as que nós não podemos perceber a olho nu. A câmera digital apresenta a fotografia em um visor de cristal líquido antes mesmo que a gente clique, isso nos permite avaliar se a cena está como se deseja, assim caso não podemos fazer as correções necessárias. No visor da câmera enquadramos a cena a ser fotografada, fazendo um recorte da realidade que nos cerca. Nessa hora, qualquer variação pode transformar totalmente a fotografia e causar resultados indesejados, como cortar a cabeça do modelo ou deixar o assunto principal pequeno em relação ao quadro.É difícil separar fotógrafos profissionais de amadores, e mais difícil ainda dizer o que é arte entre tantas imagenms produzidas atualmente. Conhecer o equipamento não é suficiente para produzir fotografias interessantes, pois na hora do clik existem muitos mistérios. Como acertar o exato momento em que o garoto voa com seu skate, ou como revelar em uma imagem parada a personalidade de uma pessoa, ou como registrar em uma fotografia a grandiosidade de uma montanha ou da beleza de um belo pôr-do-sol.
Fotos do acervo pessoal de Marino do Espírito Santo Júnior - Fotografo Amador - imagens feitas com câmeras SAMSUNG S-500 e CANON SX-110 IS
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